quinta-feira, 4 de julho de 2013

Uma demissão irrevogável


Desde que Paulo Portas apresentou a sua demissão irrevogável ao Primeiro-Ministro, na passada terça-feira, que o país vive um alvoroço político. "Em pouco mais de 48 horas destruiu-se toda a credibilidade que Portugal havia recuperado perante os mercados financeiros." 
Vá-se lá saber que credibilidade é esta e muito menos quem são os mercados financeiros, mas da forma como dizem isto parece trágico e assustador para os portugueses. Parece que mudanças e rupturas, que assinalam fins de ciclos, são eventos tenebrosos e que estamos condenados ao triste fado de andarmos sempre à deriva e submetidos a sacrifícios, que (in)conscientemente sabemos, serão em vão, pois haverá sempre um Portas ou um mercado financeiro ao virar da esquina pronto a pressionar o botão do reset e acabamos por voltar à casa de partida. O problema é que a casa de partida é, em Portugal, há muito tempo a chamada "crise" e retoma-se novamente uma escalada dolorosa que acaba sempre numa aparatosa queda. Uma queda que é, há demasiado tempo, solitária, caimos sozinhos e nem podemos contar sequer com uma mensagem de apoio da UE, pelo contrário, como que se não fosse suficiente cairmos, e eventualmente partirmos uma perna, também nos pedem que comecemos a subir de novo a montanha, nem que seja sem uma perna, mas temos que a subir, custe o que custar. 
Ficámos reféns dos maus políticos, quer em Portugal quer na UE, e quando surge o momento da ruptura com esses políticos somos ameaçados com mais promessas de sacrifícios. Há que re-centrar a pessoa humana no centro da política e deixarmos de ilusões em Portugal. Mais tarde ou mais cedo estaremos sós (se não estamos já) no plano europeu e será, talvez, esse o momento ideal para repensarmos o que queremos da política portuguesa. Eu quero um Portugal mais justo e solidário. 

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