Diz Miguel Morgado a propósito do
socialismo (in Autoridade, Fundação
Francisco Manuel dos Santos, 2010) que
as ideologias acabadas em “ismo” (outro ex., o nacionalismo) importam alguma indefinição
(variabilidade) de conteúdo. À luz de dados empíricos recentes – muito recentes
e escaldantes aliás, eu avançaria com uma proposta radical. A saber: que se vá
mais longe e se diga de uma vez por todas que todas as actividades
profissionais designadas por nomes acabados em “istas” (no plural) são altamente falíveis – ou, retomando o
paralelo inicial, são de conteúdo dúbio em face do que seria expectável da sua
nomenclatura. O leitor quer provas, com certeza. (E eu mesmo precisarei delas
para duvidar menos desta reacção irada ao calor). Comecemos pelas constatações
mais óbvias, caminhando paulatinamente para uma maior finura de análise. Por
lapso que nos é imputável, não conseguiremos lá chegar neste texto.
Os metereologistas disseram que não ia haver Verão: enganaram-se, como é fácil sentir. Os futebolistas: tipos que treinam várias vezes ao dia para falhar ao nível do jovem escriba e dos seus companheiros mais desprovidos de técnica numa qualquer futebolada semanal. Os economistas, estirpe de pessoas que mais tempo de antena tem em Portugal, andam a coleccionar previsões erradas sucessivas. Atentemos: se estas estão ao nível das falhas dos meterologistas quanto à forma epidérmica de serem sentidas, já são incomparavelmente mais desesperantes quanto à duração dos seus efeitos, como se os sucessivos erros de previsão formassem uma espécie de erro perpétuo, sem fim à vista (tal como a crise – Ah… e esta, hein? Eu não acredito em bruxas, pero que las hay, las hay…).
Até as próprias floristas são pessoas cujo trabalho sofre forte discussão, em
especial por parte das freguesas mais idosas. O que há de mais certo neste
mundo (isto é empirismo, não é machismo) é ser difícil escolher flores. A
composição de um ramo de flores é feita de escolhas que, no seu conjunto, serão
esteticamente questionáveis – sempre. Exemplo disso é a dificuldade comprovada
de “compor o ramalhete” – expressão que é particularmente eloquente depois dos
acontecimentos políticos dos últimos dias.
Passemos para categorias mais gerais: os especialistas
(em assuntos) são, na verdade e nas mais das vezes, pessoas muito dadas ao
bitaite. E como saberá o leitor, “quem muito fala pouco acerta”. Também com risco
bastante alto de designação equívoca face à realidade, veja-se o caso
paradigmático d’os activistas, que em
rigor não são mais nem menos do que cidadãos políticos, que defendem e
pretendem implementar a sua mundividência na sociedade (se bem que aqueles que
o fazem apenas às quintas feiras à noite tenham uma paradoxal tendência para o
fazer contra as evidências do mundo – falaremos sobre isso, atempadamente.
Promessa irrevogável).
Após a brevíssima anotação da realidade a
que procedemos, há uma conclusão que devemos extrair: menos atenção a esta
malta se faz favor. Já na Grécia Antiga os filósofos se tinham pronunciado
contra a basófia d’os sofistas (e não
contra a loucura dos pintores, ou a arrogância intelectual dos professores). Não por acaso sucedeu assim: a terminação
vocabular das profissões não é inocente, porque não o é também a orientação constante para o engano protagonizada por metereologistas, futebolistas,
economistas, floristas, especialistas e activistas (ainda que em escala variável).
Está dado, segundo me parece, o mote para uma
revolução coperniciana no modo de creditarmos credibilidade profissional aos outros.
P.S.: Perdoe-me o leitor mais político por não mencionar no texto os cavaquistas. Não o faço, como poderia ser levado a pensar, por aqui mencionar apenas profissões sérias e promotoras, se exercidas acertadamente, de algum impacto positivo na sociedade. Omito-os, na verdade, por não querer estar de novo a tocar em assuntos fúnebres (metáfora a que recorri no meu 1º post). Não há necessidade de estar a chocar repetidamente a sensibilidade dos nossos avisados (dois) leitores com assuntos que fedem.
E os juristas?
ResponderEliminarOs juristas ou os advogados?
ResponderEliminaros juristas.
ResponderEliminarNão calhou. Lá chegaremos.
ResponderEliminare os fadistas?
ResponderEliminarE os Socialistas?
ResponderEliminar