terça-feira, 2 de julho de 2013

há bases e bases, da base do vaso ao almanaque.

  Na ressaca da efeméride da tarde de ontem, já quase recuperado da desgostosa surpresa proporcionada - parece que ainda visualizo, mentalmente, a imagem da jornalista da SICN a ler a notícia que anunciava quem se sucederia no ministério das finanças. Naquele momento, voltou à primeira classe e leu, a medo, sílaba por sílaba, com a impressão de estar a dizer algum disparate, enquanto, ao mesmo tempo, lia e relia com o cérebro a mesma frase, para se assegurar do que lá realmente vinha escrito; impõem-se, antes de mais, palavras de apreço por Vítor Gaspar, homem de uma postura singular na rectidão e obstinação da defesa das suas ideias. 

  Mas, de facto, parece que como diz Gaspar era inadiável a sua saída, isto porque o guião que tinha preparado para justificar os resultados negativos atingidos e ainda por atingir ficou inutilizado quando um deputado do PCP revelou a sua base doutrinária, tão estudada pelo competente professor num gabinete da sua universidade e aplicada pelo mesmo técnico eficiente no escritório de uma qualquer instituição europeia. A vaga de calor que se faz sentir desde há uns dias já não poderá ser utilizada como justificação da diminuição de indicadores económicos por desincentivar à lavoura ou à condução de carrinhos de mão e transporte de baldes de cimento na construção.

  Disse ainda Gaspar que perdeu o suporte da base social, expresso pela erosão da aceitação das suas políticas na opinião pública. Perdeu Gaspar ou perdeu o Governo? Como pode usar Gaspar tal argumento se “nem foi eleito pelos portugueses”? Que base é essa? É uma espécie de base de um vaso? Que uma vez perdida e continuando a regar-se a planta provoca poças na área que a circunda? Ou se arranca a planta e se a deita fora e deixa-se evaporar a poça ou, como prefere Pedro Passos Coelho, qual dona de casa incompetente, se mantém vivo o projecto vegetal alimentando-o, limitando-se a mandar umas vassouradas nas poças que vão surgindo. Ora, umas quantas folhas vão sobrevivendo lá em cima, ao passo que cá em baixo, o lamaçal se expande.

  Largando a botânica, apetece-me dizer que a única pessoa que tem contribuído para assegurar o futuro de Portugal é Assunção Cristas, numa perspectiva não só de continuação da espécie mas também de alargamento da base demográfica, aumentando a sua prole. A procriação é um valor central dos cristãos e é a ministra que mais põe em prática os ideais do CDS, já que Pedro Mota Soares, na falta de conhecimento de feitos relevantes, só terá, em funções, visto sexo nas letras da sopa de massa e Paulo Portas… bom, Portas prezará mais o lado democrático do Centro, no sentido em que “abafou” Gaspar, o tal ministro não eleito e sem apoio do povo, o que, por certo, compensará outros eventuais pecados.

  António José Seguro, que se perfila como próximo Primeiro Ministro, clama sofregamente por eleições, mas esquece-se de como conseguiu atingir a liderança do maior partido da oposição. Através da conquista paulatina das bases do PS, não de meses mas de vários anos. Certamente não será adepto de futebol e nunca terá ouvido a expressão: “em equipa que ganha não se mexe” ou, adaptando-a: “estratégia vencedora não se muda” pois, nem estando ainda cumpridos dois anos de Governo já se lançava na cruzada para alcançar o poder, pedindo eleições. Para além de não ter asseguradas as bases aparentes, as que votam, não consta que tenha agendadas reuniões ou que tenha granjeado o apoio das outras, como Alexandre Soares dos Santos, António Mexia, Belmiro de Azevedo, Ricardo Salgado…

p.s.: o texto foi escrito antes da notícia da demissão de Paulo Portas.

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