quinta-feira, 18 de julho de 2013
Da crise para a crítica
Por
João Freitas Mendes
Por Diogo N. Gaspar*
Consumida pela atualidade mais recente, quase passou despercebido a notícia de arquivamento do inquérito aberto a Miguel Sousa Tavares, depois deste ter respondido assim ao Jornal de Negócios: Bepppe Grillo? Nós já temos um palhaço. Chama-se Cavaco Silva.Sobre as declarações considerou o Ministério Público que as mesmas se encontravam a coberto do direito à liberdade de expressão do entrevistado, mas, a mais da avaliação dos magistrados do MP, o episódio passaria à história como um incidente político pouco feliz para a instituição em causa, a Presidência da República. Não fosse a apresentação de queixa ao Procurador-Geral da República e poucos se lembrariam da manchete do Negócios, com a entrevista de Sousa Tavares.
A demissão de Vítor Gaspar, a tentativa frustrada de Paulo Portas e a crise política que se sucedeu, adivinhariam outra palhaçada. Um pedido de conciliação, baseado no impossível: a aplicação de um programa incapaz de reunir qualquer consenso, a não ser daqueles que não podem deixar de capitular com o voluntarismo do chefe do Governo. Parece que Cavaco Silva se rendeu a este grupo. Ao fazê-lo, evidencia a estreita leitura política que faz dos acontecimentos, maxime dos motivos da demissão de Gaspar: uma execução orçamental e fiscal falhadas; a incapacidade do programa para cumprir com o pagamento da dívida; a previsibilidade de terríveis consequências para a economia portuguesa, originadas pela espoliação fiscal das famílias e das empresas. Confiando na continuidade, o Presidente dobatismo, é agora o Presidente da confirmação, que se refugia na necessidade de apaziguar uma crise política, para adiar os problemas, enfim, para adiar o futuro. Como convém ao circodos mercados e à deriva das instituições europeias.
Antes de Sousa Tavares falhar de palhaços, já Mário Viegas dizia assim no seu Manifesto Anti-Cavaco: Não é preciso saber contar pelos dedos para se ser professor de Economia, basta fazer contas pelos dedos como o Silva, basta não ter escrúpulos – nem morais, nem artísticos, nem humanos – basta andar com as modas europeias, com as políticas comunitárias e as opiniões de Bruxelas. Assim, ontem como hoje, Aníbal continua cavaco, tanto quanto dizia Viegas: O cavaco é Aníbal, o Cavaco é Guterres!. Era o manifesto de um ator, que é como quem diz, o manifesto de um palhaço. Do tempo em que os palhaços representavam, mas ainda não governavam.
*N.R.: Aceitando tipicamente o convite d'Os Típicos, o que muito agradecemos.
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